Força-tarefa interdita setores do frigorífico JBS Aves

A unidade da JBS em Montenegro (RS) está com parte dos setores e maquinários paralisada por problemas de saúde e segurança do trabalho. A interdição foi determinada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) durante força-tarefa conjunta com o Ministério Público do Trabalho (MPT), realizada na terça (18) e quarta-feira (19). As irregularidades expõem os trabalhadores a riscos como amputação e esmagamento de membros, quedas, adoecimento osteomuscular e choques elétricos, inclusive fatais.

 

Estão interditados os setores de embutidos, empanados, as atividades de descarregamento de aves, de movimentação de pallets nas câmaras frias, de movimentação manual de cargas, de levantamento de produtos envarados (salsicha e mortadela), encaixotamento de embutidos, palletização do setor de expedição e parte do setor de embalagem de frango inteiro.

 

Ritmo intenso de trabalho, queixas dos trabalhadores quanto a dores, falta de equipamentos como máscaras no descarregamento de frangos e exigência e vigilância ostensiva intensa dos supervisores para manter a produção foram outros problemas verificados.

 

Conforme apurado pelo MPT e pelo MTE, embora a planta tenha apresentado melhorias em comparação a setembro de 2012, data da última inspeção, ainda possui um sistema de gestão de saúde e segurança frágil. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) não funciona adequadamente; os programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) são vagos e genéricos. Essa realidade conduz, ainda, ao elevado número de adoecimentos e às situações de risco que culminaram com as interdições. O cronograma de inspeções seguirá até o final do ano, com forças-tarefas mensais.

 

A JBS é a maior empresa em processamento de proteína animal do mundo. Atua nas áreas de alimentos, couro, biodiesel, colágeno e latas. Possui 140 unidades de produção no mundo e mais de 120 mil colaboradores. A unidade de Montenegro abate 380 mil frangos diários.

 

Força-tarefa – A força-tarefa integra o Programa Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos – um dos cinco projetos da Defesa do Meio Ambiente de Trabalho (Codemat) do MPT – e visa à redução das doenças profissionais e doenças do trabalho. As principais ações consistem na atuação nacional para identificar os problemas e adotar medidas judiciais e extrajudiciais para adequação das condições ambientais no trabalho.

 

Pelo MPT, o grupo de fiscalização foi formado pelos procuradores do Trabalho Philippe Gomes Jardim, coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente de Trabalho (Codemat); Sandro Eduardo Sardá, gerente nacional do Projeto de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos; Enéria Thomazini, Fernanda Estrela Guimarães e Ricardo Garcia.

 

Pelo MTE, participaram os auditores-fiscais do Trabalho Mauro Marques Müller, coordenador estadual do Projeto Frigoríficos; Diego Alfaro e Ermindo Brum Neto. A ação também foi acompanhada pelo coordenador da Sala de Apoio da CNTA, Darci Pires da Rocha, acompanhado da fisioterapeuta Carine Taís Guagnini Benedet, e pelos representantes do STIAM Adilson Cabral Flores, coordenador-geral, e Daniel Bilheri, coordenador da Secretaria de Saúde.

 

Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul

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