O verde amarelo voltará a pertencer a todos os brasileiros e às brasileiras

A (in) dependência do bicentenário do 7 de setembro de 2022

Na data de hoje o Brasil comemora 200 anos de sua declaração de independência da coroa portuguesa. No curso dessa curta história o país, em verdade, jamais logrou em se desvencilhar das amarras que instrumentaram o gene colonial instaurado a partir da invasão portuguesa.

A sociedade brasileira forjou-se a partir das desigualdades sociais, de uma elite burguesa e da estruturação escravista e, portanto, até hoje ainda racista. A subserviência do país em relação ao eurocentrismo, assim como a conhecida síndrome de vira-lata quando se olha para o parente americano geograficamente situado acima são elementos viscerais na (des) construção da sociedade brasileira. O ápice da desconexão com sua história e com os princípios e valores existentes em relação aos povos originários foi alcançado com a eleição de Jair Bolsonaro (2018), símbolo de tudo aquilo que um país promissor e com riquezas naturais e minerais extremas não poderia desejar para si.

Curiosamente, essa máxima subalterna, entreguista e vassala se põe ainda em maior evidência quando, como fonte de comemoração (da declaração de independência do Brasil) o símbolo apresentado pelo atual governo federal se trata da devoção ao coração de D. Pedro I. Uma contradição instrumentada por um governo que rejeita seu povo (pobre, negro e originário – indígenas e quilombolas) e exalta o símbolo de seus colonizadores que salta aos olhos.

O 7 de setembro de 2022 será, portanto, e apesar da simbologia do bicentenário, marcado pela efetiva e necessária lembrança. Lembrança de uma política de morte que tomou, com autorização e participação do Governo Federal, centenas de milhares e vidas durante a pandemia e que vê, diante de seus olhos, com sua ação e omissão (propositada) a devastação dos povos originários. Que desprotege seu povo, pobre e negro, que compreendem a maciça maioria das dezenas de milhões de pessoas que passam fome.

O bicentenário será sempre recordado como um duro, triste e cruel regresso ao passado, com a expressa autorização de políticas públicas destrutivas, validadas por uma tacanha elite que jamais se libertará do ódio de classe e do racismo. O coração de D. Pedro I chega ao Brasil para que lembremos, para que jamais possamos esquecer, o que precisa ficar no passado, na história, crítica e verdadeira, sem eufemismos: o vassalismo colonial. E que a verdadeira e a real independência virá nas urnas, com o exercício da democracia e a possibilidade de escolha de um governo que pratique políticas públicas e sociais, reais e concretas, e atenda à população que verdadeiramente necessita de governo. Que, de fato, liberte o país dos grilhões da geopolítica mundial.

Viva (a nova independência) vindoura no outubro próximo. Que a história condene e cobre, efetiva e legalmente, a conta de quem atentou, diuturnamente, contra a verdadeira independência do país!

Advogados e Advogadas
Nuredin Ahmad Allan

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