A comemoração do dia 1º de maio, reconhecido como o dia mundial do trabalhador, possui origem em manifestação realizada na cidade de Chicago (EUA) no ano de 1886. A mobilização de milhares de trabalhadores naquela localidade, à época, com o propósito de melhores condições de trabalho, recebeu forte repressão do aparato estatal, tendo resultado na morte de doze (12) trabalhadores e na vitimação de dezenas de outros. Não bastasse isso, após o ocorrido pela virulenta e abusiva ação policial, outros cinco (5) trabalhadores foram condenados à morte e, ainda, mais três (3) à prisão perpétua.
Os fatos vivenciados há mais de um século revelam a clara criminalização de todo e qualquer movimento de trabalhadores (as) que intenciona à busca de melhores condições de trabalho. Mais de cem anos se passaram e o sistema social (político e econômico) mantem suas bases de exploração e também de repressão à classe trabalhadora.
Mesmo tendo superado um período de cerca de sete (7) anos de constantes e reiterados ataques aos direitos sociais e à classe trabalhadora, consolidado com dois dos piores instrumentos legais (Lei n. 13.429/17 – terceirização e Lei n. 13.4647/17 – reforma trabalhista), a mera chegada ao poder de um governo claramente com propostas de reestruturação social não se presta a socorrer os danos vivenciados há quase uma década.
No período de trevas em que pautas e governos passavam longe da legalidade, do respeito à vida, à dignidade de os trabalhadores (as), assim como de qualquer avanço social e civilizatório, os danos praticados foram sem precedentes.
Não basta unicamente a percepção do retrocesso civilizatório suportado e um governo federal com discurso de recuperação e preservação de direitos e garantias sociais. É necessário, urgentemente, que os trabalhadores (as) voltem a se reconhecer como a classe e da qual emana o efetivo e concreto poder de transformação, sem os quais, pauta alguma antissocial poderá prevalecer.
Necessário, portanto, que se recorde das bases históricas que justificaram a eleição do dia 1º de maio como sendo representativo da luta por direitos e por melhorias nas condições de trabalho, viabilizando o levantamento da consciência de classes. A classe trabalhadora precisa ter orgulho de sua condição, sendo a principal válvula motriz da nossa economia e, como tal, deve compreender a imperiosidade de sua organização como elemento de resistência e de conquista de direitos.
“A emancipação das classes trabalhadoras tem de ser conquistadas pelas próprias classes trabalhadores.” (Karl Marx em Normas gerais da Associação Internacional dos Trabalhadores)