Manifesto: 1º de maio | Dia do trabalhador

A comemoração do dia 1º de maio, reconhecido como o dia mundial do trabalhador, possui origem em manifestação realizada na cidade de Chicago (EUA) no ano de 1886. A mobilização de milhares de trabalhadores naquela localidade, à época, com o propósito de melhores condições de trabalho, recebeu forte repressão do aparato estatal, tendo resultado na morte de doze (12) trabalhadores e  na vitimação de dezenas de outros. Não bastasse isso, após o ocorrido pela virulenta e abusiva ação policial, outros cinco (5) trabalhadores foram condenados à morte e, ainda, mais três (3) à prisão perpétua.

Os fatos vivenciados há mais de um século revelam a clara criminalização de todo e qualquer movimento de trabalhadores (as) que intenciona a busca de melhores condições de trabalho. Mais de cem anos se passaram e o sistema social (político e econômico) mantem suas bases de exploração e também de repressão à classe trabalhadora.

Os métodos atuais, obviamente, ganham matizes diferentes, fazendo com o que o trabalhador seja levado a crer que a existência de direitos, de garantias e de normas de proteção sejam fatores inviabilizadores da abertura de postos de trabalho ou uma barreira ao crescimento econômico. O sistema atual se utiliza de factoides para justificar a apropriação dos trabalhadores e a sua submissão aos desejos do mercado ou do empregador. Há uma apropriação da subjetividade como se fosse o empregado responsável pelos riscos econômicos da atividade do empregador.

Essa cena, aliada à total inexistência de políticas públicas no campo econômico de ordem do governo federal, faz com que o desemprego tenha alcançado no primeiro trimestre de 2022 quase doze milhões de brasileiros (11,2%) de taxa de desemprego[1]. A despeito de o número representar uma redução de cera de três (3) pontos percentuais se comparados com idênticas pesquisas, do mesmo órgão (IBGE) nos meses anteriores, houve perda (redução de renda) dos trabalhadores (empregados) de quase dez por cento (10%). [2]

Os dados científicos demonstram uma clara perda de renda, com empregos precários, mal remunerados (subempregos) acentuando a onda precarizante das relações de trabalho iniciada desde o ano de 2017. Agravada, subsequentemente, com os reiterados ataques aos direitos dos trabalhadores (as) por meio de medidas provisórias no curso da gestão do atual governo federal, especialmente nos períodos mais dramáticos e agudos da pandemia. 

Necessário, portanto, que se recorde das bases históricas que justificaram a eleição do dia 1º de maio como sendo representativo da luta por direitos e por melhorias nas condições de trabalho, viabilizando o levantamento da consciência de classes. A classe trabalhadora precisa ter orgulho de sua condição, sendo a principal válvula motriz da nossa economia e, como tal, deve compreender a imperiosidade de sua organização como elemento de resistência e de conquista de direitos.

A busca por direitos se trata de uma luta constante, e incessante, necessária para combater a cultura colonizadora e escravista que ainda impera na sociedade brasileira.

Lutar por consciência de classe é fundamental em um país no qual a consciência moral de uma grande gama do empresariado, e da estrutura governamental que atualmente gere o pais, há muito deixou de existir.

Escritório Nuredin Ahmad Allan


[1] https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-03/taxa-de-desemprego-recua-para-112-em-janeiro-diz-ibge

[2] https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/03/taxa-de-desemprego-e-a-menor-desde-2016-mas-renda-cai-88-em-um-ano.shtml

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