Em maio de 2020, em meio à pandemia, advogadas trabalhistas resolveram criar um grupo para promoção de suas atividades. Um grupo formado por mulheres trabalhistas que, sempre, teve em sua organização inicial, um propósito muito bem definido: estimular as mulheres advogadas trabalhistas a se inserirem nas esferas e espaços da produção técnico-científica do Direito do Trabalho.
Um espaço sempre de difícil acesso para as mulheres. Basta observar a composição das mesas de congressos e seminários jurídicos, de coordenação e organização de obras e, por fim, do quanto homens publicam mais do que mulheres, em geral no Direito, mas especialmente no Direito do Trabalho.
Sobre nós
E tão importante quanto serem mulheres é que sejam advogadas trabalhistas. Profissionais que sempre são secundarizadas nas obras coletivas, que muitas vezes sequer figuram em atividades das suas próprias associações que privilegiam magistradas e procuradoras (quando o evento tem mulheres na mesa).
Sobre o nosso lugar
Algumas premissas estão no grupo desde sua concepção: as mulheres devem escrever; as mulheres devem participar de eventos; as mulheres devem organizar eventos e impulsionar a participação de outras mulheres.
No grupo, não entram homens, nem entram homens nos projetos de eventos ou de seus livros. Os homens já têm espaço garantido no sistema de justiça, na academia, nas editoras e nos eventos. As atividades divulgadas devem, sempre, prezar, pelo menos, pela paridade de gênero e o recorte racial é sempre discutido.
Para quem faz parte do grupo torna-se óbvio o quanto importante ele é. “É o nosso lugar” dizem as advogadas trabalhistas que ali estão. Hoje somamos 86 mulheres de todo o país.
A nossa voz
Pois foi assim que publicaram o primeiro livro: “Direito do Trabalho em tempos de Cólera”, o segundo “Um Direito do Trabalho Todo Seu” e, com muito orgulho, em setembro teremos o terceiro livro: “O processo do trabalho é para todo mundo”. Sim, um livro de processo do trabalho escrito exclusivamente por mulheres da advocacia trabalhista.
Livro totalmente financiados por apoio de entidades e escritórios de advocacia que sabem que não é possível defender o Estado Democrático de Direito sem desacomodar cadeiras. Não há como defender a igualdade sem estar ao lado das mulheres e de sua luta.
O livro foi lançado no Congresso da Agetra em 9 de setembro, na cidade de Pelotas e no CONAT, foi lançado no dia 13 de outubro em São Paulo. E breve, também, disponível para compra online.
Luciane Toss
Doutorando em Direito pela Unisinos, advogada trabalhista, assessora corporativa e consultora na área de gênero e direitos humanos., professora e pesquisadora e sócia fundadora da Escola TPC.
